14 novembro, 2007

Excesso de parcómetros irrita utentes e lojistas [In Jornal Notícias]

Comerciantes dizem que crise no negócio deve-se aos parcómetros
Excesso de parcómetros, aumento de preços e falta de alternativas para estacionar. São estas as queixas dos munícipes que o JN abordou, em parques de estacionamento pago, nas ruas da Figueira da Foz. "Há parcómetros a mais e não foram criadas alternativas. Também aumentaram o preço pagava 60 cêntimos por duas horas e agora pago um euro", lamenta um condutor, que prefere não ser identificado. Este ano, o número de lugares de estacionamento a pagar aumentou: de 950 passou para 1132.
O preço também subiu de 30 para 50 cêntimos/hora.No parque em frente ao Mercado Municipal Engenheiro Silva, uma munícipe, que prefere ocultar o nome, também contesta o aumento do preço dos parcómetros "Um euro por duas horas de estacionamento - é quase um cêntimo por minuto".
Ali perto, Alcides Ramos acaba de estacionar. Vive em Montemor-o-Velho, mas visita muito a Figueira e tem uma visão mais positiva dos parques pagos. "São maus para quem precisa de ter o carro estacionado o dia todo, mas ajudam quem estaciona pontualmente, porque tem lugar garantido em sítios estratégicos", afirma, sereno.
Residentes não pagam
Lídio Lopes, vereador da Câmara da Figueira da Foz e responsável da Figueira Parques - Empresa Municipal, garante que há alternativas aos parcómetros. "A cidade tem uma rede de estacionamento pago e de estacionamento gratuito", diz, dando como exemplo o parque da Avenida de Espanha, que "comporta 600 lugares gratuitos".

E frisa a existência de cartões mensais que permitem estacionar, em locais pagos, quer a moradores, quer a trabalhadores das áreas abrangidas por parcómetros. Para os residentes na Figueira da Foz, o cartão é gratuito, bastando apresentar um atestado de residência. Os moradores foram, aliás, "a principal e prioritária preocupação", ao nível do estacionamento, explicou Lídio Lopes, por e-mail "

Antes só podiam estacionar na sua própria rua, se houvesse lugar disponível e em determinados períodos do dia. Em quaisquer outras ruas e fora do período gratuito, tinham de pagar o estacionamento. Agora, com a Figueira Parques, ficaram isentos durante todo o dia e em toda a área de influência da sua habitação". Já os trabalhadores podem adquirir os cartões por valores entre os 20 e os 60 euros.

Fuga de clientes
As queixas face aos parcómetros em demasia chegam ao restaurante-café Cais. "As pessoas dizem-me 'Não vou aí porque pago 25 cêntimos para estacionar, mais o preço do café. Para isso, vou a outro onde pago só 50 cêntimos'", conta o proprietário, Mário Espadilha.
E atira: "Na Baixa, não há onde estacionar sem pagar! É uma pouca vergonha. Todo o comércio está a morrer". A mulher, Fátima, tem a mesma opinião: "O exagero de parcómetros e o aumento dos preços afectaram imenso o comércio aqui. As pessoas vão para os hipermercados porque não estão dispostas a pagar para ir às compras".Outro problema é a falta de moedas. "As pessoas andam aqui, de loja em loja, à procura de trocos para os parques. Passo a vida a dar trocos e, quando não tenho, ainda ficam chateadas comigo!".

Um lamento partilhado por uma lojista da Rua 5 de Outubro, que pede o anonimato "Massacram--nos com os trocos. É mais o dinheiro que troco do que aquele que entra na caixa". Garante que o negócio perde com a existência de parcómetros. "Protegem mais os grandes do que os pequenos. Mas, se fechamos, as cidades tornam-se cidades fantasma".

Lídio Lopes rebate estas críticas "A inexistência de lugares disponíveis para estacionar era uma razão apontada antes da instalação dos parcómetros, que é anterior a 1996, no que à área da zona comercial diz respeito". Quanto à quebra de receitas, defende que "é geral e todos podem testemunhar a existência destes equipamentos [parcómetros], como forma de disciplinar o uso do espaço público, em todas as cidades da dimensão e características da nossa". Preço subiu 66 por cento

O aumento, em 66%, do preço do estacionamento (de 30 para 50 cêntimos/hora) gerou críticas dos utentes. De acordo com Lídio Lopes, da Figueira Parques - Empresa Municipal, a taxa "não era alterada há 11 anos e não o foi para os cartões mensais [que permitem estacionar nos parques pagos]", explica.

Em Agosto, a situação foi "corrigida". O nível de incumprimento, no que respeita aos parques pagos, tem estado "abaixo dos valores médios em situações semelhantes", refere, ainda, Lídio Lopes. Os avisos para pagamento "têm uma percentagem muito elevada de cumprimento em tempo útil", esclarece. A média de ocupação diária, nas áreas de influência dos parcómetros, é de 690 viaturas, desde o início do ano e, neste período, foram levantados 52 autos de notícia.
PS - Depois queixem-se... O Natal está aí, e para muitos comerciantes é uma das raras lufadas de ar fresco. Se querem fazer alguma coisa pela causa pública é a altura. Não é antes das eleições.